A idéia de ir à Feira do Lavradio -que acontece todo primeiro sábado do mês aqui na Lapa-, levar meu cavalete e fazer um quadro na frente de todo mundo, sem nada planejado, surgiu no dia anterior à feira. Acordei cedo, tomei café da manhã, martelei a última centena de pregos, ajeitei tudo e, junto com a queridíssima Gabriele e seu amigo, fomos rumo à Lavradio, que àquele horário -meio dia- já estava bombando. Confesso que senti um frio na barriga quando comecei o quadro. Curiosos já estavam a postos. Muitas pessoas pararam, comentaram, fotografaram e elogiaram, no decorrer das 5 horas que fiquei por lá. É um trabalho lento, não tem muita graça ficar por muito tempo parado me olhando trabalhar, mas passar de quando em quando e ver o progresso, a transformação, é bem interessante. Foi bacana a experiência e eu pretendo fazer novamente, pelas praças afora. A idéia não é nem vender de fato, mas divulgar meu trabalho e divulgar a técnica, que não é muito conhecida, sobretudo no Brasil.
Aliás, me chateia um pouco quando pessoas comentam "Ah! Eu fazia isso no colégio". Desculpa, mas não. Comparar meu trabalho, com o simples ato de traçar linhas em meia dúzia de pregos chega a ser ofensivo. Seria como ver um quadro de Portinari e dizer: "Ah, bacana! Eu também pintava na escola". A base da técnica pode ser a mesma, mas o trabalho em si é beeem diferente. Não quero soar arrogante nem anda, só que eu assino, orgulhosamente, meus quadros, porque eu sei que não tem ninguém que faça nada parecido por aqui. Eu falo do conjunto: técnica - complexidade - combinação - criatividade - exclusividade
Mas sabe, no final das contas, confesso que não gostei do resultado final. E eu tenho certeza de que se eu aproveitar o pregueamento e traçar as linhas novamente em outra combinação, ficará bem melhor.
Bom, por hora é isso. Obrigada a todos que apreciam minha arte e torcem por mim. Se tudo der certo, mês que vem, dia 13, estarei com meu ponto certo na feira.